Ministro não se compromete com dinheiro para salvar Santa Casa

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Mesmo fazendo cara de extrema preocupação, o ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, afirmou que salvar a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá não terá a urgência esperada pela população de Mato Grosso. Ele observou que o zelo pelo erário não permite que se assuma R$ 100 milhões de uma entidade privada sem que se saiba, detalhadamente, como, porque e quando foi acumulado tamanho débito.

“Havendo seriedade, havendo verdade nos números e havendo planejamento, pode ter certeza que o Ministério da Saúde vai aportar recursos aqui em Cuiabá”, declarou o ministro, ao lado do governador Mauro Mendes (DEM) e do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), após participar do lançamento da Semana Pan Americana de Vacinação, em evento no Sesc Arsenal – Porto, região Oeste de Cuiabá.

Mandetta deixou implícito que não confia plenamente nos números apresentados pela gestão da Santa Casa de Cuiabá para as autoridades – governo de Mato Grosso e Prefeitura Municipal.

“Nós estamos aguardando o final de como isso vai ser para podermos ver onde a União pode ajudar. É certo que gente tem que ter, todo mundo, muita seriedade nesse momento. Porque se a gente vai entrar para sanear [com intervenção], nós vamos ter que entrar com os números certos, os valores certos e com as pessoas certas, para entrarmos e fazermos aquilo que a sociedade espera da gente”, ponderou ele, que há tempos vem sendo cobrado sobre o  tema.

Os apelos dos dirigentes e dos governantes não significam apelo imediato e, se depender do Ministério da Saúde, não há prazo para  a Santa Casa. “É importante deixar claro a responsabilidade dos gestores filantrópicos que criaram essa situação. Outra parte é a assistência à população. Se a gente conseguir que a sociedade entenda porque as coisas chegaram a tal ponto que chegaram, aí todos nós vamos ser atores do nosso tempo e enfrentar esse problema”, tergiversou o ministro da Saúde.

E o alerta ministerial foi bastante claro, apesar da metáfora financeira. “[Mas] aquela fase do quero dinheiro me dá aí, sem um impacto, sem planejamento, sem um plano… Onde nós vamos chegar com o gasto publico? Não é por causa do apelo de uma instituição A, B ou C que a gente vai deixar de ter o profundo zelo pelo dinheiro publico”,  advertiu Mandetta, sob olhares da bancada de Mato Grosso no Congresso Nacional, liderada pelos senadores Jayme Campos (DEM) e Wellington Fagundes (PR), com os deputados federais Neri Geller (PP) e Doutor Leonardo Albuquerque (SD).

A Santa Casa de Cuiabá acumula dívidas que superam R$ 100 milhões, principalmente com funcionários e fornecedores. Antes do início do evento, no Sesc Arsenal, a reportagem do CuiabanoNews conversou informalmente com técnicos do Ministério da Saúde.

Houve quem considerasse “um precedente perigoso” a intervenção na Santa Casa, para honrar dívidas de instituição privada com dinheiro público. “Pode criar uma bola de neve e, logo, outra instituição, como Hospital de Câncer Mato Grosso ou Hospital Santa Helena, querer o mesmo processo”, alertou o técnico.

Toda diretoria anterior da Santa Casa foi afastada. A Fundação é presidida novamente pelo médio Luiz  Sabóia, decano no corpo diretivo da instituição, que chega como capaz de reverter a situação.

Fonte: Cuiabano News