Perto de completar 300 anos, Cuiabá tenta acabar ou pelo menos diminuir os gargalos existentes em seu caótico trânsito. É bem verdade que as obras feitas para a Copa do Mundo de 2014, mesmo com todos os problemas, tiraram a capital mato-grossense de um sufoco ainda maior. A intenção do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) é avançar ainda mais neste quesito. Por conta disto, deu o pontapé na construção de pelo menos dois viadutos e do contorno leste.
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O prefeito Emanuel Pinheiro considera como ‘grandiosa’ a obra do contorno leste, que compreende pouco mais de 17 km, cruzando a cidade e integrando as regiões mais periféricas ao centro. A intenção é beneficiar diretamente cerca de 200 mil habitantes, valorizando as propriedades presentes na região e promovendo a geração de emprego.
“Planejada dentro do espaço urbano, as longas pistas passarão por dentro de 21 bairros carentes, permitindo a geração de renda, à medida que cria uma rota alternativa de mobilidade urbana, assim como o anel viário o fará. É mais uma forma de valorizar nossa cidade, permitindo que ela cresça ordenada e exponencialmente”, pontuou o prefeito.
Segundo Emanuel Pinheiro, o contorno leste “sairá do Distrito Industrial e cortará a Avenida das Torres, Osmar Cabral, Del Rey, Liberdade, Doutor Fábio e seguirá até a [Rodovia] Emanuel Pinheiro, que liga Cuiabá a Chapada, onde vamos emendar com a MT-030, levando para a região da Guia e o Norte do Estado. Ao todo, serão 17,3 km”.
Além disto, também está sendo concluído o Rodoanel, que – quando finalizado – ligará a BR-163/364 na região do Coxipó até a BR-163/364 na região do trevo do Lagarto, já em Várzea Grande. As obras já contam com 10 km pavimentados, entre a MT-251 (que liga Cuiabá à Chapada dos Guimarães), passando pela MT-010 (que liga ao Distrito da Guia), chegando ao Distrito de Sucuri.
Também está sendo construída a nova trincheira localizada no entroncamento das rodoviais da Guia e Chapada dos Guimarães (MT-010/251), que terá 365 metros de comprimento com 7.311 m² no total. Serão investidos pouco mais de R$ 20 milhões na obra. Os recursos são do Pró-Turismo, programa ligado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).
Paralelo à obra da trincheira, o Governo de Mato Grosso também está executando a obra de duplicação de 4,9 km da Estrada da Guia. A duplicação da Estrada da Guia segue o mesmo conceito da que é executada nos 3,6 km da Estrada da Chapada (MT-251), do entroncamento com a MT-010 (Atacadão) ao trevo de acesso ao bairro Jardim Vitória (Fundação Bradesco). A expectativa da Sinfra é concluir a obra da Estrada da Guia até o final de 2018.
Na região central, o primeiro projeto é um viaduto na rotatória da Ponte Sérgio Motta, que será construído na avenida Beira Rio. “É uma obra de R$ 25 milhões. Já tivemos o parecer favorável da União. Nesta região, hoje os motoristas têm um transtorno muito grande. Pretendemos descongestionar a região central do córrego que tem por ali”, explicou recentemente Emanuel Pinheiro.
“Na avenida Beira Rio com o Córrego do Barbado, chega quatro horas da tarde você não anda mais. Tem trânsito de todos os lados. Para este ponto, o prefeito Emanuel Pinheiro já tem um projeto de colocar um viaduto. No horário de pico nós temos pessoas indo para o trabalho, faculdades e diversos outros pontos. É uma importante ligação de Cuiabá com Várzea Grande”, acrescentou o secretário de Mobilidade Urbana (Semob), Antenor Figueiredo.
O segundo projeto será realizado no encontro das avenidas das Torres e Itália, outro ponto de extremo caos no trânsito. “Ali é um desrespeito com quem mora na região. Precisamos melhorar e muito. Por isto, já fizemos um projeto para colocarmos uma trincheira neste local. O custo também será de R$ 25 milhões”.
Passarelas
Porém, não é apenas abrindo avenidas ou colocando viadutos e trincheiras que o trânsito irá melhorar. Pelo menos este é o pensamento da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), que pretende investir também na construção de passarelas em pontos cruciais, são eles: avenida Marechal Deodoro, Miguel Sutil (em frente ao Santa Rosa) e Fernando Corrêa da Costa (próximo ao Atacadão).
“A gente tem o costume errado de dizer que o cuiabano não é acostumado com passarela. Não tem porque não existe. Todo mundo quer uma travessia segura. É preciso acabar com isso. Usa-se sim, basta tê-la”, argumenta o secretário de Mobilidade Urbana (Semob), Antenor Figueiredo. A travessia suspensa é vista como essencial para sanar um dos maiores gargalos da capital mato-grossense, que é o trânsito na avenida Marechal Deodoro.
Há males…
Os horrendos bastidores que envolveram as obras da Copa do Mundo de 2014 já foram expostos e são conhecidos praticamente por toda a população mato-grossense. Porém, fato é que Cuiabá poderia estar ainda muito mais atrasada em relação a mobilidade urbana. Isso porque, mesmo com problemas, as novas trincheiras e viadutos deram um novo fôlego para a caótica situação.
Os viadutos e trincheiras espalhados pela avenida Miguel Sutil eram necessários para evitar um travamento na capital mato-grossense. Porém, obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) também acabaram agindo para o mal, principalmente nas avenidas do Tenente Coronel Duarte (Prainha) e Historiador Rubens de Mendonça (CPA).
A avenida do CPA é vista como um problema difícil de se resolver. Isso porque qualquer obra que seja feita naquele trecho, que compreende os viadutos da avenida Miguel Sutil e o da Sefaz, complicará o trânsito da região. Isso porque praticamente não há vias próximas que suportem o intenso fluxo de veículos.
Este, inclusive, foi um dos motivos para que o Governo do Estado retirasse do projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) a construção de um viaduto que seria feito justamente neste trecho.
Vem mais…
As obras do VLT também devem continuar a impactar no trânsito. Caso o projeto tenha continuidade, como é o desejo do governador Pedro Taques (PSDB), o trânsito voltará a ser impactado. Um dos locais que deverá sofrer bastante com isto é a avenida Fernando Corrêa da Costa.
A Secretaria de Cidades (Secid) confirmou que o viaduto que fica no encontro da avenida supracitada e da Beira Rio será construído para o VLT. O elevado estava previsto no projeto original do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), mas muito pouco havia sido feito.
“Todas as vigas que vão ser usadas já estão prontas. Estão depositadas onde será o terminal do Coxipó. Elas estão todas lá. O que vai ser feito lá, talvez ele [viaduto] não vá ficar como estava previsto no projeto anterior. Não vou perder nenhuma viga daquela. Vão ser aproveitadas todas. É uma viga padrão. Estamos pensando em algo que dê menos transtorno para a população. Os projetistas estão caminhando para que seja feito um viaduto, que precisará e será feito, mas de maneira que não tenha tanta interferência”, afirmou o secretário do VLT, José Picolli.
Com as alterações no projeto, a Ponte do Rio Coxipó e também a Ponte de Ferro não precisarão ser demolidas: “Aquelas estruturas são tombadas e isso acabaria atrapalhando, poderia causar uma demora excessiva, então ela continuará lá. Volto a repetir, estamos estudando a melhor opção para evitar transtornos para a população”.
Viaduto Beira Rio
Esquecido e com apenas 13% de conclusão, o elevado que será construído no entroncamento das avenidas Fernando Corrêa e Beira Rio, em Cuiabá, é pouco lembrado. Porém, a obra é de suma importância para a passagem a sequência do modal, que passará por ali. Os trabalhos, nesta local, deveriam ter sido finalizados em dezembro de 2013.
Até a paralisação do projeto, no fim de 2014, 80 estacas haviam sido executadas, representando 60,6% do total previsto para essa obra. A infraestrutura, que inclui estacas, tubulões e blocos, atinge 32,8% de conclusão e a obra total 13%.
O viaduto, nos moldes do primeiro projeto, teve início em junho de 2013, pouco avançou e as mudanças no local ainda não são significativas. O elevado seria construído na área hoje ocupada pelas duas pontes, passando sobre a rotatória hoje existente, num total de 340 metros de comprimento.
Cuiabá 300 anos
Além de todas as obras físicas, a Prefeitura de Cuiabá também investe na tecnologia para tentar melhorar o trânsito e reduzir os impactos. A intenção da Semob é trocar praticamente todo o parque semafórico do Centro da cidade com a instalação dos semáforos inteligentes, que abrem de acordo com o trânsito.
Os radares, lombadas eletrônicas e avanços semafóricos também são outros aliados na tentativa de se viabilizar um trânsito melhor. Os aparelhos reduziram drasticamente os acidentes nos trechos em que foram instalados e tem contribuído para evitar mortes no trânsito.
Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado na gestão do ex-prefeito Mauro Mendes, obriga que sejam acrescidas melhorias no sistema de monitoramento eletrônico a cada ano. Isso não necessariamente obriga que o município instale novos radares, mas também câmeras de videomonitoramento.
Fonte: Olhar Direto