Plano de vacinação é ‘encenação’ e não há vacina para todos, diz Edna Sampaio

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A vereadora Edna Sampaio (PT) cobra informações detalhadas do plano de vacinação contra covid-19 da Prefeitura de Cuiabá. A parlamentar informou que vai protocolar nesta sexta-feira (15) um pedido de dados junto à Secretaria Municipal de Saúde sobre infraestrutura, calendário de vacinação e a garantia de oferta gratuita da vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Edna Sampaio considera que está havendo muita politização da discussão e os anúncios feitos pelo Ministério da Saúde, pelo governador Mauro Mendes e pelo prefeito Emanuel Pinheiro não passam de “encenação” e “espetacularização”. “Eles estão fazendo uma encenação mesmo, porque não tem nada consistente que possa nos indicar que a vacina vai realmente acontecer. Nós precisamos começar a ficar espertos. Eles querem mostrar que estão cuidando da vacinação, mas nosso papel é mostrar que, na verdade, não tem vacina para todo mundo”.

Nesta quinta-feira (14), o prefeito Emanuel Pinheiro divulgou que vai iniciar a vacinação na próxima semana, com data prevista para quarta-feira (20).  A vereadora apontou sua preocupação com a falta de um planejamento. “Todo mundo falando que está tudo ok, o governo do Estado diz que está preparado para a vacina, que tem já três milhões de seringas, mas não apresentou também um plano de vacinação nem disse que dia que começa”, disse.

O Grupo de Trabalho Saúde e Vacinação, que compõe o Mandato Coletivo Edna Sampaio pela Vida e por Direitos, se reuniu virtualmente na noite de ontem com os médicos Cor Jesus e Francisco José Dutra Souto, coordenadores do ensaio clínico da vacina Coronavac no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) para discutir as possibilidades de uso do imunizante (desenvolvido pelo Instituto Butantan e pelo laboratório Sinovac) e de outras vacinas em teste.

De acordo com o Ministério da Saúde, existem 8 milhões de doses – 6 milhões da vacina Coronavac e 2 milhões vindas da Índia – do Laboratório Astrazeneca. Segundo os pesquisadores, se dividido percentualmente pela população brasileira (cerca de 200 milhões de habitantes), este montante resultaria em cerca de 37 mil doses para o município de Cuiabá, atingindo somente cerca de 18 mil pessoas, já que são necessárias duas doses.

Edna Sampaio disse que está analisando o orçamento da Prefeitura para este ano para levantar o montante destinado ao combate à covid-19 na capital e que vai cobrar do Executivo a apresentação do plano de vacinação para a apreciação da Câmara, já que o procedimento demandará recursos específicos. Vai levantar também as condições físicas, a presença de salas de vacinação, o quadro de pessoal e a capacitação dada aos profissionais da rede básica de saúde, onde o prefeito afirmou que acontecerá a imunização.

O grupo de trabalho do gabinete da vereadora vai convocar o comitê de enfrentamento à covid-19 da Prefeitura Municipal, o Conselho Municipal de Saúde e mobilizar outros parlamentares, além de encampar a campanha #Vacinajacuiaba, voltada à mobilização da população.

Resultados dos testes

Cor Jesus falou do otimismo do Instituto Butantã em relação à eficácia e à segurança comprovadas nos testes com a Coronavac, observando que não foram registrados eventos graves entre os 13 mil voluntários participantes e que a vacina apresentou eficácia em torno de 50%, percentual considerado bom pela OMS, e já esperado, pois ela traz o vírus inativado, que provoca uma resposta imune mais baixa.

Outra vantagem é a eficácia do imunizante na prevenção de formas graves da doença: o grupo de voluntários que recebeu a vacina não precisou de hospitalização e demandou assistência médica em percentual menor do que o grupo que recebeu placebo.

“Todos os eventos foram discretos, não graves e numa frequência baixa. Com relação à segurança não vamos ter problemas. A própria Anvisa já reconhece isso. Com relação à eficácia, não foi diferente do que esperávamos. Mas qualquer eficácia acima de 50% é impactante no processo de transmissão de uma doença com esta característica de disseminação”, disse o médico.

Outro fator que favorece a vacina Coronavac, é a facilidade de armazenamento e distribuição.

Cor Jesus salientou a importância de estabelecer parâmetros na vacinação, priorizando os pacientes em maior risco. “É fundamental que haja uma hierarquia de prioridades, que comece com quem assiste aos doentes, que são os profissionais de saúde, e os que ficam mais doentes, que são idosos. Um planejamento tem que priorizar isso e os comitês de municipais, regionais, estaduais vão estabelecer o resto da hierarquia”.

Para ele, a visão da população sobre a vacina é positiva e o discurso negacionista não prevalecerá. “A aceitação do projeto, da pesquisa, da vacina, pela imprensa foi muito boa, não tive dificuldade, não tive problemas com os políticos, não tive problemas com conselhos de classe da área de saúde”, disse ele, opinando que o discurso contrário ficou restrito aos grupos das redes sociais, de pessoas que “põem as questões ideológicas acima das questões científicas voltadas para o bem da humanidade pela vida da saúde”.

Fonte: PNB Online