“Eu acredito que, se a gente não tivesse conseguido salvá-los, seria impossível dormir de noite”. Essa foi a declaração do policial militar Cleyton Freire da Silva, de 37 anos, que participou do resgate de três jovens de um carro em chamas, na madrugada do dia 23 de agosto, em Cuiabá.
O acidente ocorreu na Avenida Tenente Coronel Duarte, a Prainha, no Centro da Capital. Cinco jovens estavam em um carro que trafegava em alta velocidade e capotou na avenida, pegando fogo em seguida.
Quatro policiais militares, que voltavam para a base após rondas, foram os primeiros a chegar na ocorrência. Eles passavam pela área quando se depararam com a cena, descrita por eles como “cinematográfica”.
Imagens de uma câmera de segurança cedidas com exclusividade ao MidiaNews, mostram o exato momento em que o acidente acontece.
Além disso, a Polícia Militar disponibilizou imagens do veículo sendo consumido pelo fogo e o estado do carro logo depois que o Corpo de Bombeiros conseguiu apagar as chamas. (Veja os vídeos ao longo da matéria).
“No momento em que chegamos perto, nos deparamos com duas pessoas fora do veículo gritando socorro e as outras três presas pedindo ajuda também. Eles falavam que iam morrer. O carro estava capotado e já pegava fogo, as chamas estavam se alastrando”, recorda o PM Cleyton.
Os jovens que estavam no veículo eram R.C.L. e V.B.A., de 20 anos, e A.F.A.Z., T.M.Z. e I.G.R.A., todos com 19 anos. V.B.A. era quem dirigia o carro, um Honda Civic, quando ele perdeu o controle e capotou.
Veja o vídeo do momento do acidente:
Os policiais afirmam que, quando encontraram o veículo em chamas, precisaram agir rápido. Para eles cada segundo, entre o momento que se depararam com o acidente até a hora do resgate, era precioso, pois significava que as vítimas teriam mais chances de sobreviver.
“Muitas vezes nós chegamos nas ocorrências antes da primeira viatura do bombeiro ou do Samu, como foi o caso. Nessa situação, a análise que fizemos do local era que não dava tempo de esperar. Nós não sabíamos o que poderia acontecer”, explica o militar Delson Marques Silva, de 41 anos.
O resgate
Os PMs Delson Marques, Cleyton Freire e Eder Emanuel Figueiredo narram como foi o resgate
Após o capotamento, o veículo ficou de ponta cabeça deixando três vítimas completamente presas. Os militares afirmaram que o fato da parte de cima estar toda amassada dificultou o resgate, já que havia apenas uma fresta da janela por onde os jovens podiam ser puxados.
“Nós chegamos a tentar virar o veículo para ficar mais fácil o resgate, já que a porta não estava querendo abrir, mas a força dos quatro policiais não foi suficiente”, relata um dos militares.
Algumas testemunhas que passavam pelo local também tentaram ajudar a salvar os jovens. Os populares ofereceram os extintores dos próprios carros para ajudar a conter as chamas, que haviam se espalhado pelo motor. No entanto, mesmo com o esforço coletivo, o fogo não diminuiu.
“As vítimas gritavam por socorro, porque o fogo estava muito forte e a fumaça estava por toda parte. Nós tivemos que usar o máximo de força para puxar cada um deles”, relembra o PM Eder Emanuel Figueiredo Assis, de 32 anos, que lidou diretamente com uma das vítimas.
Eles contam que tudo aconteceu como se fosse cronometrado. Logo depois de retirar o último jovem preso, as labaredas de fogo tomaram conta de todo o veículo. Em seguida, explosões começaram a acontecer no motor e nos pneus do carro destruído.
Veja como ficou o carro após o resgate:
As vítimas foram encaminhadas para o Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, onde dois deles precisaram passar por cirurgias.
A PM informou que uma delas está com estado de saúde um pouco mais grave, porque quebrou a bacia e o fêmur. No entanto, o quadro de saúde dos outros quatro jovens é estável. Os envolvidos preferiram não se pronunciar sobre o assunto.
Alair Ribeiro/MidiaNews
O PM Fagner Corrêa de Oliveira Damasceno (à esquerda), que também participou da ocorrência descrita como “cinematográfica”
Para os militares, mesmo após anos trabalhando em ocorrências, a experiência do resgate foi algo único para todos os envolvidos. Apesar de todas as etapas de capacitação que os policiais tiveram que enfrentar para entrar na profissão, eles afirmam que nada os preparou para um salvamento nessas proporções.
“Aos próximos policiais que estão entrando, até mesmo os que estão há anos na profissão, é essencial focar na capacitação e na rapidez. É muito importante em uma situação que foi como a que passamos”, aconselha o policial militar Cleyton Freire.
Fonte: Midianews