Policial coopta vítimas para ‘investir’ R$ 1 mi em esquema de pirâmides em MT

Fonte:

Morador de Cascavel (PR), o policial militar Éder de Melo Gonçalves, que pertence ao 6º Batalhão daquele Município com atuação em Boa Vista da Aparecida, também no oeste do Paraná, integrou a organização criminosa chefiada por um morador de Rondonópolis (212 km de Cuiabá) e ajudou a fazer dezenas de vítimas no golpe das pirâmides financeiras. Responsável por conseguir “investidores” endinheirados que depositassem altas quantias no esquema, ele articulou o ingresso de pessoas que injetaram R$ 1 milhão no esquema.

Por isso, o militar foi alçado à condição de “braço direito” do líder da pirâmide King Investimentos, Mateus Pedro da Silva Cecatto, de 28 anos, o morador de Rondonópolis. Eles foram alvos da Operação Easy Money, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), no dia 10 de agosto.  Éder desempenhava o mesmo papel tanto na King Investimentos quanto na King Prime, que sucedeu a primeira nas atividades criminosas.

Agora, na denúncia oferecida à 7ª Vara Criminal de Cuiabá, o Ministério Público pede a condenação do militar, do golpista Mateus e outras oito pessoas apontadas como participantes da quadrilha por crimes contra a economia popular, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Consta na peça acusatória, que os membros do Gaeco juntaram várias provas que colocam o policial militar como participante ativo da organização criminosa, incluindo interceptações telefônicas. Ele, segundo o Gaeco, fazia parte do 3º núcleo da quadrilha, “responsável pela captação de clientes com potencial de aportar elevadas quantias no esquema”. Seu parceiro nessa empreitada, integrante do mesmo núcleo, era Eduardo Alves Lopes, também denunciado na ação penal.

Um dos diálogos interceptados pelo Gaeco no dia 8 de março de 2019 captou uma conversa entre Eduardo Lopes e Agnaldo Bergamin de Jesus, que é apontado como o segundo “chefão” do esquema, ocupando o topo da hierarquia da pirâmide ao lado de Mateus Ceccato.  Na conversa, eles falam da atuação do policial militar paranaense que teria “garantido as coisas” para Eduardo.

A interceptação mostra que Eduardo estava revoltado com o militar, pois as coisas não estavam fluindo de acordo com o planejado e ele já começava a enfrentar problemas. Na conversa, Eduardo revela que chegou a ligar para o policial militar e o xingou “de tudo que é nome”. Inclusive, mandou o policial “assumir o papel de homem”.

No mesmo diálogo interceptado, os membros do Gaeco observaram que Agnaldo e Eduardo falavam da atuação firme do policial e dos retornos financeiros, resultado de dinheiro depositado por pessoas que ele cooptava para participar do esquema. Nessa parte, Agnaldo Bergamin admite que pegou R$ 70 mil de um “investidor” que ingressou no negócio a convite do policial.

“Na mesma conversa é possível identificar a atuação do acusado Eder de Melo Gonçalves na captação de fortes ‘investidores’, cujos ingressos no esquema garantiriam aporte financeiro superior a um R$ 1.000.000,00 (um milhão de Reais). Extrai-se ainda que na oportunidade desse aporte o acusado Mateus Pedro da Silva Ceccato teria dito que teria caixa para levar seis meses de boa”, consta em parte da denúncia do Ministério Público.

De acordo com o Ministério Público, depois que ascendeu à condição de braço direito do líder, o policial Eder Gonçalves, passou a atuar também no cadastramento de “investidores” e na divulgação das atividades da nova empresa em seu canal no Youtube, onde se intitulava “Amigão Eder King”. Na plataforma, “ele replicava vídeos de Mateus Pedro da Silva Ceccato e Priscilla Dhane Pereira de Oliveira além de outros no interesse das atividades desenvolvidas nas empresas King Investimentos e King Prime”.

OPERAÇÃO EASY MONEY

Quando o Gaeco deflagrou a Operação Easy Money no dia 10 de agosto, foram cumpridas 17 ordens judiciais, incluindo mandados de prisão preventiva, busca e apreensão domiciliar e sequestro de bens, com alcance em cinco estados do Brasil. O policial militar Éder Gonçalves foi preso no estado do Paraná.

O Gaeco afirma que a quadrilha obteve ganhos ilícitos em detrimento de número indeterminado de pessoas, mediante processo fraudulento conhecido vulgarmente como pirâmide financeira que atua ao menos desde 2018 com ações desempenhadas em diversos Municípios do território nacional, dentre eles Rondonópolis, Cascavel (PR), Alagoas (AL) Osasco (SP) e Alegrete (RS), locais onde foram cumpridas as ordens judiciais.

Fonte: Folhamax