Conhecer aldeias mato-grossenses, e ver como vivem os povos indígenas. Essa é a proposta do projeto de etnoturismo “X-Avante”. A iniciativa, que irá formar indígenas para atuar nessa modalidade de turismo de vivência, é desenvolvida pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), em parceria com a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e a Associação Cena Onze.
O titular da Setas, Valdiney de Arruda, se reuniu com líder Xavante Xisto Tserenhi'ru Tserenhimi'rami e o diretor da Associação Cena Onze, Flávio Ferreira, nessa terça-feira (25.10). O encontro foi acompanhado por assessores para tratar as demandas relacionadas à inclusão sócio produtiva da população indígena de Mato Grosso.
A proposta é formar profissionalmente os indígenas como condutores de um projeto de turismo, que envolve 17 lideranças, de cinco macrorregiões da etnia Xavante. A primeira turma será iniciada ainda esse ano. Conforme o cronograma do projeto, esse primeiro grupo irá multiplicar as práticas de receptividade, hotelaria e gastronomia, aprendidos durante o curso, que será ministrado na Terra Indígena São Marcos, de Barra do Garças (500 km de Cuiabá).
“O objetivo é realizar a inclusão social e produtiva dessa população. Queremos avançar na nossa construção coletiva de dentro para fora das comunidades, atendendo as especificidades de cada povo, preservando a sua cultura e o modo tradicional de vida”, afirmou o secretário Valdiney de Arruda.
As aulas serão ofertadas dentro das comunidades indígenas e no campus da Unemat de Nova Xavantina, por meio do Projeto de Extensão e Pesquisa de Praticas Interdisciplinares do Turismo. O campus foi escolhido pelo fato de ser o único na região a ofertar a Faculdade de Turismo e ainda conta com laboratório gastronômico e de hotelaria.
O escopo do projeto define que a capacitação em etnoturismo permitirá o desenvolvimento do empreendedorismo e autonomia dos povos tradicionais, com a consequente geração de emprego e renda. O curso além de formar em condutores de turismo, habilitará os indígenas em habilidades de comunicação visual e abastecimento de mídias sociais na Agência Escola de Turismo, também no campus da Unemat de Nova Xavantina. A expectativa, com o tempo, é ampliar o projeto para propiciar espaços para produção do artesanato local com padrão de qualidade e selo de produtos originários do Brasil.
Projeto
O interesse da etnia Xavante, em desenvolver um projeto turístico de vivência, na TI São Marcos, visa enfrentar a pobreza a partir de suas próprias habilidades e potencialidades culturais, conforme foi externado pela comunidade ao secretário Valdiney de Arruda, durante viagem a Barra do Garças, em abril desse ano. A efetivação do projeto esbarrava na formação dos indígenas, entrave que será solucionado com a capacitação no projeto “X-Avante”.
O líder XistoTserenhi'ru afirma que é perceptível a vontade da população em conhecer a aldeia, por isso a capacitação é tão necessária. “Às vezes na aldeia não temos condições de mostrar quem somos. Precisamos da formação técnica, mas também dar atenção ao que é da aldeia, ter monitores de lá nesse projeto”, afirma Xisto.
O potencial turístico da aldeia também já despertou a atenção da Embaixada da Nova Zelândia no Brasil. Por isso, o objetivo da Setas é desenvolver um projeto piloto que possa ser adaptado e multiplicado em outras aldeias.
De acordo com o titular da Setas, essa gestão identificou uma grande população de pessoas que estão em uma faixa de invisibilidade social. Os indígenas estão dentro desse público. “A nossa meta é articular e trazer esse público para a visibilidade social. Fazer a inclusão sócio produtiva”, afirma Valdiney de Arruda.
Essa capacitação em turismo, considerando a realidade local, é uma das mediadas de aumento a inserção da população indígena. Também serão realizados serviços de cidadania dentro das comunidades, como o registro civil e o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
Economia Verde
O projeto etnoturismo “X-Avante” é o que propõe a Parceria para a Economia Verde (PEV-MT), que está sendo implementada dentro do Estado de Mato Grosso juntamente com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) e o Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa (Unitar).
O objetivo da parceria é criar novos empregos e áreas de atuação, promover tecnologias limpas e reduzir a pobreza e os riscos ao meio ambiente. A parceria é uma das consequências do documento final da Rio+20, “O Futuro que Queremos”, que aponta a Economia Verde como um dos motores do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza.
Mato Grosso é o primeiro Estado a receber e parceria e formula projetos para implementar a iniciativa para os próximos três anos. Mais especificamente, a parceria incentiva a criar condições para favorecer o investimento em ativos econômicos verdes, incluindo tecnologias limpas, estruturas para utilização eficiente de recursos, conservação de ecossistemas, mão de obra qualificada para empregos verdes e boa governança.