Selma chora na tribuna, prega inocência e diz que judiciário não funciona em MT

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A senadora Selma Arruda (PSL) usou a tribuna do Senado Federal nesta terça-feira (23), durante sessão, para fazer o seu primeiro discurso oficial após a cassação do seu mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) por abuso econômico e prática de caixa 2. A senadora falou de sua trajetória como advogada e magistrada, argumentando que quando da sua atuação na 7ª Vara Criminal foi responsável por mexer com gente poderosa e colocar muitos atrás das grades.

“Eu resolvi largar o judiciário porque eu vi que não funcionava e vim prá cá tentar mudar a legislação. Estou aqui fazendo um desabafo e aproveito para dizer da minha expectativa é de que teremos aqui, um julgamento isento. Que aqui nós vamos ter um julgamento menos perseguidor e que aqui eu vou conseguir limpar a meu nome e a minha dignidade, porque isso é a única coisa que eu tenho. Eu não vou permitir que uns e outros digam que eu terei que usar tornozeleira”, disse a senadora.

“Eu tenho 56 anos, dediquei quase a metade da minha vida ao exercício da magistratura. Aos 16 anos eu prestei o vestibular e passei em segundo lugar para a faculdade de direito. Quando me formei, com 21 anos, vim para Mato Grosso e fiquei em Rondonópolis, onde fui advogada por dez anos”, recordou a senadora.

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A senadora disse que dez anos mais tarde foi aprovada para um concurso do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. “A partir daí nunca mais tive vida fácil. Eu trabalhei em comarcas complicadas, como se Deus estivesse dito, vai minha filha, você consegue. Trabalhei na fronteira. Fui ameaçada, tive que contar na época com segurança que me foi dada pelo Exército Brasileiro, porque o TJ não dava segurança para juízes. Diziam que juiz que pedia segurança era covarde”.

Na Capital, a ex-juíza disse que quando veio para Cuiabá foi trabalhar na vara de combate ao crime organizado. “Lá eu descobri que não raro, as mesmas pessoas que compunham organizações criminosas violentas, estavam incluídas naquelas que também praticam crimes de corrupção. E por isso eu passei então a ter vários problemas de ordem pessoal. Minha família ficou preterida de uma série de atividades. Tivemos uma vida sacrificada para honrar a escolha que eu fiz”.

“Fui para a sétima vara, onde fui responsável por algumas decisões que culminaram, pela minha independência, encarar pessoas que nunca tinham sido tocadas. Pessoas que até então eram intocáveis. Ao tempo em que eu me senti forte e independente para encarar essas pessoas, ex-governadores, ex-secretários, presidente da Assembleia, presidente da Câmara, e consegui colocar todos eles de onde não deveriam ter saído até hoje, que foi na cadeia”, afirmou.

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A senadora disse que sabia que em algum momento a conta apareceria. “Eu sabia que tempos depois ia pagar pelo que eu fiz. Eu sabia que isso ia retornar a mim de uma forma ou de outra. Quando venci a eleição, com 678 mil votos, mais de 24% dos votos válidos, eu estava tão tranquila que sequer comemorei. Estava tão cansada que fui para casa dormir. Estava cansada porque fiz a campanha de camionete flex porque não tenho avião”.

Selma Arruda disse ainda que foi acusada mesmo gastando dinheiro do 1° suplente, Gilberto Possamai, pagando dívidas da pré-campanha com cheque nominal. “Isso em Mato Grosso se chama caixa 2, mesmo eu não atingindo o teto de gastos”.