William Neto Leite, quarto homem preso sob suspeita de assassinar Sandra Regina de Siqueira Travaína, e seu bando visavam precisamente R$ 120 mil da família da servidora pública. A informação partiu da delegada Elaine Fernandes, da Delegacia de Roubos e Furtos de Várzea Grande, responsável por comandar as investigações. Durante o planejamento, William aproveitou-se da intimidade de sua mãe com os Travaína para, durante um jantar, sair pela casa vasculhando onde ficavam os R$ 40 mil em ouro e R$ 80 mil em dinheiro visados pela gangue.
Depois, disponibilizou o carro, deu as armas, contratou os três executores do assassinato em busca de angariar os valores citados. Andou pela residência da família vasculhando e marcando os locais onde estavam guardados dinheiro, joias e tudo o mais que objetivavam roubar. “Eles alegam que tudo seria dividido meio a meio”, disse Fernandes.
O sobrinho de consideração da vítima também tinha pleno conhecimento da rotina não só de sua vítima, mas de todo aquele pedaço do bairro. Foi assim que ficou sabendo que estava para alugar a casa branca localizada exatamente em frente à residência dos Travaína. “Ele inclusive reside nas imediações e conhece tudo. Foi ele quem escolheu a casa desocupada, passou as informações acerca da rota de fuga e planejou com requinte e detalhes esse crime bárbaro que vitimou a servidora pública”, continuou a delegada em entrevista à televisão.
É também do suspeito apontado como mentor intelectual do sequestro e latrocínio o carro que aparece nas imagens rodando o perímetro, monitorando diversas vezes a morada da família. William está sempre conduzindo o próprio veículo na companhia de seus comparsas. Teria, ainda conforme as informações amealhadas pela delegada, marcado diversas reuniões em postos de combustíveis e terrenos baldios para alinhar os diversos detalhes da prática do crime.
Depois que tudo deu errado, polícia iniciou as investigações e a imprensa começou a noticiar o caso, os criminosos passaram a trocar mensagens pelo WhatsApp já em nítido tom de desespero e nervosismo, pensando em como se livrar da responsabilidade pelo que fizeram. “Através de mensagens, um orientava o outro a empreender fuga. Na verdade, foi cada um para um canto”.
A mulher de Willian acabou por entregar o marido, pois confirmou que ele andava muito nervoso. “Depois da divulgação do crime pela imprensa, ele ficou desesperado, muito diferente dentro de casa”, conta a delegada.
BARBÁRIE E TRAIRAGEM
A prisão do citado ocorreu na manhã de hoje (12) e chocou a opinião pública a informação de que William é o filho de uma das pessoas tidas como entre as melhores e mais próximas amigas de Sandra Regina, tinha relação próxima não só com sua vítima como com toda a família, pai e filho incluídos. Nada disso foi levado em conta quando planejou passo a passo o mal que iria infligir à ex-candidata a vereadora de Várzea Grande. “Era considerado da família, viajavam juntos, faziam confraternizações e ele sabia toda a rotina da casa, então ficou fácil repassar as informações aos seus comparsas”.
Agora, William Neto vai responder por latrocínio consumado e associação criminosa, porque “sabia de tudo, preparou e planejou a prática”. Os comparsas vão ter que se ver perante a justiça com as mesmas acusações e penas previstas no código penal.
Logo que apresentado publicamente pela Polícia Judiciária Civil à imprensa, o criador da trama macabra disse que estava “muito arrependido”, pediu perdão à família que destruiu à própria mãe, dizendo inclusive que a amava. Negou, entretanto, que conhecia um de seus comparsas e apenas foi procurado por um dos membros do bando via WhatsApp para “trocar ideias” sobre possíveis vítimas, se disse instrutor de autoescola e tudo o mais já relatado.
Para a delegada, mero jogo de cena, pois ele só foi procurado por Maikon Douglas Alves dos Santos porque os outros componentes da organização latrocida informaram a ele que William Leite Neto já estava a planejar o roubo e pedira nomes aos demais. “Ele foi procurado pelo Maikon Douglas Alves dos Santos – que já está preso -, que pediu um canal, um local para eles cometerem o crime. Ele disse que sabia de uma mulher que guardava R$ 40 mil em joias em casa, confessou a prática do crime, é bastante frio e fala com naturalidade que o Maikon pediu as informações e ele passou mesmo. Isso [de ser instrutor de autoescola] é fachada, ele sobrevive mesmo é do crime”, explicita a delegada Fernandes.
Contra a tentativa de parecer trabalhador e honesto, pesam sobre os ombros de William o fato de ele já ter passagens por roubo majorado e receptação, além de condenação por porte de arma de fogo, estar em regime semiaberto e mesmo assim continuar atuando no crime, “debochando das instituições de segurança pública”.
O último suspeito, apontado como responsável pelo apoio logístico, dirigia o carro para levar os executores até o local e depois tentou fugir com o que roubaram, permanece solto. A PJC garante que ele será pego nas próximas horas. Irá se juntar a William Neto Leite, Maikon Douglas, André Luiz Gomes e Jordão Rodrigues Neto.
Fonte: Folhamax