Troca do nome de ferrovia gera descontentamento e frustração

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A mudança do nome da primeira ferrovia estadual em Mato Grosso tem gerado polêmica. Antes mesmo do primeiro soar de apito do trem, a substituição do ex-senador Vicente Vuolo pelo o ex-Rei da Soja Olacyr de Moraes na nomeação do modal repercutiu mal e gerou descontentamento e frustração em parte da classe política do estado.

Lembrado por sua luta em prol da ferrovia em Mato Grosso, o ex-senador faleceu sem ver a chegada do trem à Capital. Sua expectativa, contudo, foi transferida para seus filhos, o presidente do Fórum Pró-Ferrovia, Francisco Vuolo, e seu irmão, Vicente Vuolo Filho, que se irritaram com a troca de nome do modal.

A polêmica da substituição, que pegou a muitos de surpresa, teve início durante ato de assinatura do contrato entre o Estado e a empresa Rumo Logística, realizado na manhã de segunda-feira (20) em Cuiabá.

Na ocasião, o governador Mauro Mendes (DEM) foi questionado sobre a troca e disse ter “coisa mais importante” para tratar, diminuindo a discussão em torno do nome.” Olacyr de Moraes foi o cara que trouxe a ferrovia verdadeiramente para Mato Grosso. Senão, ela vai ter que ter muitos nomes aí que trabalharam. Agora, quem realmente fez? Foi Olacyr de Moraes”, disse.

A troca, que para muitos atingiu frontalmente o legado do ex-senador, alcançou a atenção dos deputados estaduais e poderá se estender em uma discussão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Um dos nomes que já garantiu a “briga” pela memória de Vuolo foi o parlamentar Wilson Santos (PSDB), que disse que a Casa de Leis não deixará a mudança passar.

“Ele foi ridicularizado, humilhado, porque ele acreditou no sonho, acreditou na ideia. Agora, vem uns espíritos de porco aí que eu não sei de onde saiu esse pessoal aí. Não vai mudar. Esquece. A Assembleia não vai deixar”, disse o deputado. O tucano, inclusive, foi autor da lei que instituiu o nome da ferrovia, ainda em 1998, em memória a Vuolo.

Em apoio a Wilson Santos, a também deputada Janaina Riva (MDB) entornou a discussão, garantindo que a Assembleia se manifestará em prol da memória do ex-senador. Além disso, a parlamentar propôs que cada trecho da ferrovia possa receber um nome, solucionando assim o impasse.

“Inclusive, sugeri aos deputados que temos aí três trechos de ferrovia, três terminais que serão construídos. Um na Baixada, um em Mutum, um em Lucas do Rio Verde e temos inclusive um em Primavera do Leste. Então, pode ser denominada também por trechos”, afirmou.

Do Parlamento estadual para o municipal, a troca do nome também deixou o presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, o vereador Juca do Guaraná Filho (MDB), descontente. Em manifestação nesta terça-feira (21), o parlamentar disse estar feliz com a ferrovia, mas frustrado com a mudança de nome.

“Eu fiquei muito feliz com o lançamento dessa ferrovia estadual e ao mesmo tempo fiquei um pouco frustrado. Respeito a biografia do ex-rei da soja, Olacyr de Moraes, foi um grande empresário, mas a biografia do ex-senador Vicente Vuolo precisa ser preservada”, afirmou o presidente da Câmara.

O prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) também se manifestou contrário à mudança. De forma enérgica, o chefe do Executivo municipal deu um recado indireto para o governador ao criticar a postura de Mendes diante da troca.

“É escandaloso ter que vir a público para recordar história de Mato Grosso para quem deveria sabê-la de cor e salteado. Mas é ainda mais escandaloso e revoltante a agressão gratuita aos nossos valores, nossa tradição, nossa gente, nossa memória partindo de quem ocupa o mais alto cargo do Executivo Estadual”, afirmou.

Fonte: Gazeta Digital