Disposta a levar as raízes cuiabanas para além da fronteira do Estado, a produtora e atriz Kyara Jacob brilhou ao participar do 74º Festival de Cannes, na França, um dos maiores eventos do cinema e aclamado ao redor do Mundo.
Em entrevista ao Midianews, a cuiabana conta que praticamente nasceu no palco. Em uma das histórias inusitadas que ligam a atriz ao seu amor pela arte e pela cultura, ela narra que a mãe estava no meio de um show no Festival de Inverno, em Chapada dos Guimarães, quando começou a sentir as primeiras contrações que anunciavam o nascimento de Kyara.
Filha de uma mãe produtora cultural e de um pai apaixonado por cinema, a cuiabana não conseguiu fugir das influências que a levaram a se apaixonar pelo audiovisual e pelas artes cênicas. Com isso, desde pequena, Kyara afirma que sonhava em ser atriz e estrelar filmes iguais os clássicos dos anos 50, que assistia ao voltar da escola.
“Sempre tive isso muito forte em mim, não brincava com boneca, eu brincava de colocar meus primos para serem os meus atores e produzia com eles”, relembra.
Foi ainda na adolescência que Kyara descobriu um conservatório de artes localizado em Los Angeles e decidiu que lá aprimoraria suas habilidades dramáticas.
Morando em Cuiabá, ela lamenta nunca ter se envolvido muito com trabalhos regionais, mas afirma que foram essenciais os anos que passou no exterior para aprender no mesmo local onde alguns de seus ídolos estudaram.
“Desde os meus 15 anos já falava para os meus pais: ‘Quero ir, quero ir’. E eu fui me preparando”, conta.
Ainda com 17 anos, ela foi embora do Brasil e embarcou para seguir o sonho de ser atriz, permanecendo seis anos no exterior antes de voltar ao Brasil.
Carreira nacional
Foi no retorno para Cuiabá, já formada em artes dramáticas, que Kyara voltou a se conectar com as produções nacionais e regionais. Uma das únicas peças que estrelou na Capital foi uma escrita pelo próprio avô, José Rabello Leite, chamada “Cuiabá dos meus amores”, que retrata o amor pela cidade.
Depois disso, a atriz se mudou para o Rio de Janeiro e passou a admirar ainda mais os nomes dos artistas cuiabanos, assim como ela. Ela cita o poeta Manuel de Barros, a poetisa Ryane Leão e também o diretor Bruno Bini como algumas de suas influências mais fortes.
Apesar de ter se formado como atriz, Kyara afirma que se encontrou artisticamente quando começou a trabalhar nas produções dos audiovisuais. Mesmo sem saber explicar como esta transição aconteceu, hoje ela se diz realizada, trabalhando para dar vida aos mais diversos enredos por trás das câmeras.
“Fui para a parte de produção audiovisual quase que sem querer, mas foi onde mais me encontrei e hoje é algo que amo muito fazer”, afirma.
E foi participando como produtora-executiva do curta-metragem “Nada de Bom Acontece Depois dos 30”, do diretor Lucas Vasconcelos, que Kyara conseguiu embarcar para realizar mais um sonho de carreira ao participar de um dos festivais de cinema mais tradicionais do mundo.
Experiência em Cannes
“Foi uma sensação muito louca”, diz Kyara ao descrever o sentimento de ter sido convidada para participar do Festival de Cannes.
Por ser apaixonada por cinema desde pequena, a cuiabana conta que sempre acompanhou os mais diversos eventos que prestigiavam esses filmes. Acompanhando os tapetes vermelho onde passavam as mais célebres personalidades, não tinha como negar que estar no meio daquele ambiente era um dos maiores desejos de Kyara.
Apesar de já ter participado de outros eventos, a oportunidade de estar em Cannes, segundo ela, trouxe uma atmosfera que nunca sentiu antes. “Quem trabalha com cinema sonha com isso, é o maior festival do Mundo, com maior prestigio”, descreve.
Outra situação que trouxe muito orgulho e alegria a Kyara foi perceber que não só seu curta, mas outras produções nacionais ganharam espaço de destaque no festival. Segundo ela, o fato mostra que a arte nacional tem o potencial de alçar novos voos, apesar das constantes dificuldades e falta de apoio.
Em meio à pandemia da Covid-19, a cuiabana destaca que ficou claro a importância da arte nos momentos de angústia e falta de contato pessoal que foi e é vivenciado por todo o mundo. “Se não fosse a arte todo mundo iria enlouquecer”, destaca.
Futuro do cinema
Trabalhando em três produtoras nacionais e administrando a sua própria, chamada Jaguatirica Produções, Kyara tem um amplo olhar do que é trabalhar com cinema no Brasil.
Mesmo não deixando de comentar a marginalização da arte no país, a cuiabana mantem um olhar otimista para os novos horizontes.
Ela explica que é necessário o apoio da população, pois enxerga que há muita preferência para as grandes produções norte-americanas.
Ainda que dependendo da luta do setor, a produtora espera conseguir mudar esse cenário e contribuir para um maior incentivo à arte e abertura de mais espaços, até mesmo com a ajuda do streaming.
Já planejando sua volta ao Brasil após Cannes, Kyara afirma que tem várias produções planejadas para os próximos meses.
“Onde quer que esteja, eu nunca vou deixar de ter meu pensamento e meu coração no Brasil. Então, a influência brasileira e cuiabana sempre vai estar comigo”, finaliza.
Fonte: Midianews