Não foi surpresa o arquivamento do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) por recebimento de propina e suposta obstrução de Justiça, a CPI do Paletó, na Câmara de Vereadores nesta quinta-feira (18). O arquivamento do relatório, que pedia o afastamento do prefeito, ocorre quase três anos após a CPI ser instalada pela primeira vez, em novembro de 2017.
Entre os 13 vereadores que votaram contra a instalação da comissão processante para cassação e o afastamento de Emanuel por 180 dias, o vereador Renivaldo Nascimento (PSDB) chamou a atenção ao classificar o prefeito como o melhor gestor que a capital já teve. “Não quero registrar na minha história como sendo o vereador que atirou pedras. Ninguém está defendendo, mas é um fato. Emanuel tem que prestar contas à Justiça. Ele é o melhor prefeito da capital, sem dúvida, e isso não é imaginação”, defendeu Nascimento, afirmando que a CPI teve um caráter “político eleitoreiro”.
Na mesma linha de defesa, Justino Malheiros (PV) garantiu que não compactua com corrupção, mas “não posso condenar uma pessoa que sequer foi indiciada. Qual o crime que o prefeito fez? É aquela imagem, quantas pessoas foram condenadas? Isto é um jogo político, saiu do viés jurídico”, opinou Malheiros ao se referir ao vídeo em que Emanuel coloca dinheiro no bolso do paletó, propina paga aos 24 deputados da Assembleia Legislativa para aprovar projetos envolvendo a Copa do Mundo em 2014, conforme o relatório aprovado pela CPI do Paletó.
Para os nove vereadores favoráveis à instalação da comissão processante, a resposta para o arquivamento do relatório da CPI do Paletó na Câmara será dada pelo eleitor nas urnas. O presidente da comissão, Marcelo Bussiki (DEM), ressaltou que a Câmara atropelou o processo para proteger Emanuel Pinheiro. “Cada um procura a desculpa que lhe convém. Mas hoje vai ser um marco. Emanuel não se justificou, o irmão dele (Marco Pólo Pinheiro) que seria o dono do dinheiro não veio depor, fugiu da CPI. O vídeo mostra o prefeito derrubando o dinheiro e ainda assim tem quem o defende? A população vai julgar nas urnas”, afirmou Bussiki, ressaltando que pretende recorrer contra o arquivamento do relatório.
O vereador Abílio Júnior, que chegou a ter o mandato cassado em abril deste ano por quebra de decoro parlamentar, mas comprovou irregularidades no processo na Câmara, apontou a incoerência dos que não admitem que o vídeo comprova a corrupção. “É um absurdo. Esta sessão hoje foi vergonhosa”.
Votaram pelo arquivamento do relatório da CPI do Paletó os vereadores Adevair Cabral (PTB), Juca do Guaraná Filho (MDB), Renivaldo Nascimento (PSDB), Chico 2000 (PL), Orivaldo da Farmácia (Progressistas), Mário Nadaf (PV), Justino Malheiros (PV), Marcrean Santos (Progressistas), Luis Cláudio (Progressistas), Adilson Levante (PSB), Dr Xavier (PTC),Toninho de Souza (PSDB) e Aluízio Leite (PV).
Votaram pela instalação da comissão os vereadores Felipe Wellaton (Cidadania), Abílio Júnior (Podemos), Diego Guimarães (Cidadania), Clebinho Borges (PSD), Marcelo Bussiki (DEM), Dilemário Alencar (Podemos), Sargento Joelson (SDD), Lilo Pinheiro (PDT) e Wilson Kero Kero (Podemos).
Misael Galvão (PTB), como presidente da Mesa Diretora, não votou. O vereador Vinicius Hungney (SDD) não participou da sessão e os vereadores Marcos Veloso (PV) e Ricardo Saad (PSDB) estão afastados em tratamento da covid-19.
Fonte: PNB On Line